De Copacabana direto para o outro lado da cidade, entramos no show de Moby no Riocentro e não se passaram 2 minutos até que ele começasse a tocar Porcelain. Putaquepariu, pensamos e falamos na mesma hora. Minha música preferida de Moby, do irretocável disco Play. Eu até já sabia que ele ia tocar com banda, mas nem passava pela minha cabeça que seria tão roquenrrol, muito menos que Moby tocava tão bem guitarra e percussão (isso mesmo, ele toca percussão). Porcelain, We Are All Made of Stars, Bodyrock, Why Does My Heart Feel So Bad?, In This World, músicas do disco novo que eu nem conheço. Foda demais. Aliás, assistir shows de bandas das quais se gosta muito sempre é foda. Teve de tudo, até covers inusitados de Creep, do Radiohead, que ganhou uma versão classificada com muita boa vontade por Moby como sendo “Bossa Nova”, Hole Lotta Love, do Led Zeppelin, Break on Through, dos Doors. Destaque para a excelente vocalista que se esgoela o show inteiro e canta demais, e cujo nome não lembro mais. Produção impecável, som dos melhores, festa tranqüila (também, com ingressos por 100 ou 180 reais...), show de luzes no palco de todas as cores possíveis e da geração de imagens para o telão. Tomara que o show tenha sido gravado, e que seja exibido algum dia em um canal desses, tipo Multishow. Vai rolar um especial de Moby no Multishow, mas não sei se já é o registro de algum dos quatro shows do Brasil, muito menos que dia vai ao ar. Superou todas as expectativas.
* Acabei de ver uma entrevista dele no Jornal da Globo. Boa até, bem editada, bonitinha, mas podia ter mais música.
* A foto é do Riofesta (www.riofesta.com.br)
Não tem epílogo. Enchi o saco de escrever e amanhã vou viajar cedão.
O primeiro e único show da Pelvs que eu tinha visto até então tinha sido no velho amigo Calypso, em abril do ano passado, quando a galera estava de passagem por Salvador (indo para Recife abrir para o Teenage Fanclub). Eles acabaram ficando hospedados na party-house da qual me mudei algum tempo depois, e que deixou obviamente de ser QG. Desde que ouvi falar na banda pela primeira vez, quando Tarcísio São Rock me perguntou se eu tinha ouvido o último disco, em 2003 eu acho, She’s Never Had a Drink figura no meu ranking de favourite songs ever. Como Léo adorou a banda quando apresentei a ele – e especialmente essa música – She’s Never Had a Drink virou uma das nossas trilhas oficiais e entrou definitivamente para a minha memória afetiva musical. Portanto, ouvir a Pelvs tocando essa música ao vivo era o momento mais esperado de todos. Gustavo, Gordinho, Genu e Ricardo Mito com certeza não fazem idéia de que, sem desmerecer o repertório da banda, que eu adoro, eu me daria mais do que por satisfeita por ouvir She’s Never Had a Drink e mais nada. Well, foi um ótimo show, que me fez relembrar porque a banda encabeça a minha lista de guitar bands nacionais. O detalhe é que essa é a segunda vez que a banda toca desde fevereiro (não tenho certeza, mas talvez desde o início do ano). Daqueles momentos inesquecíveis.
Pelvs e Moby no mesmo dia, ingressos dos Strokes, Árcade Fire e Wilco na mão, Sonic Youth no Brasil em novembro, Iggy Pop também, no mesmo festival (Claro Que É Rock), Flaming Lips e Nine Inch Nails também. Aff. Calma. Eu não estava preparada para tanto, numa viagem em que os objetivos eram encontrar Léo e descansar, simples assim. Acabou virando uma experiência musical (ela, sempre!) das melhores. Ainda no caminho do aeroporto até a casa onde ficamos hospedados, vi uns cartazes colados nos postes aos quais inicialmente eu não dei atenção nenhuma. Mas eles se repetiam tanto que resolvi olhar o que era. Eram pequenos, passava rápido. Na primeira olhada, consegui ler “Moby”. Na segunda. “Moby Riocentro”, na terceira, “Moby Riocentro 17”. Caralho, não é possível. Comecei a fazer as contas, para ter certeza de que era verdade, antes de me animar demais. Vi que sim, que eu estaria no Rio no dia do show, e fui correndo providenciar os ingressos, mas não antes de ligar para Clinio “Snooze”, que desde o início do ano está por lá e em breve vai dividir apartamento com Isoldinha, uma amiga das mais queridas. Para me deixar ainda mais feliz, Clinio me avisou que rolaria show da Pelvs também no sábado, só que às 18h, free, num sebo em Copacabana, o Baratos da Ribeiro, num esquema Berinjela. Pelvs e Moby no mesmo dia ultrapassavam todas as minhas aspirações musicais para a viagem (que nem existiam, na verdade. Não vasculhei absolutamente NADA, nem tive tempo de escrever nem para as listas perguntando qual era a boa do finde). Como se não bastasse, na volta trouxe na bolsa os ingressos do TIM, e na cabeça a notícia de que o Sonic Youth toca no Brasil em novembro, junto com Iggy Pop e Nine Inch Nails no Claro Que É Rock. Tudo-ao-mesmo-tempo-agora e é muita informação para eu assimilar. E logo eu, que já não sou lá a pessoa mais “esperta” do mundo. Mas tomara que essas operadoras de telefonia celular passem o resto da vida disputando quem faz o melhor festival ou traz as melhores bandas. Falando nisso, pela primeira vez ser cliente da TIM me trouxe algum benefício. 20% de desconto nos ingressos do TIM Festival com a apresentação da conta. Como eu tenho carteira de estudante (por causa da pós), meu ingresso dos Strokes saiu por 40 reais, e Wilco e Arcade Fire por 28. Isso mesmo, 28 pilas para ver Wilco e Arcade Fire. Lindo.
(Quanta dispersão. Too much to talk about, and that’s what happens)
Três dias e algumas horas em Salvador desde 18 de agosto. Há pouco mais de um mês eu passeio por Salvador por algumas horas (somente algumas mesmo. Cheguei às 18h do Rio e viajo novamente amanhã de manhã. Pelo menos essa viagem é bem curtinha, para Correntina). Curaçá e Uauá, meus últimos destinos na Bahia, mereceriam atenção especial até, se a viagem para o Rio não tivesse sido marcada por tantas ótimas surpresas. Essas duas cidades, que ficam no extremo norte e norte do estado (sertão dos mais brabos!), são classificadas como parte do semi árido nordestino. Se aquilo é semi árido, eu não consigo imaginar, nem no auge da minha capacidade de abstração, o que pode ser árido para quem estabelece essas classificações. Só pode ser do Saara para pior. Lá as pessoas não têm cachorros, têm bodes e cabras de estimação. Eles estão em todos os lugares – nas ruas, nas casas, onde ganham até nomes às vezes, e principalmente nas panelas. Quase não há gado bovino lá, porque os animais não sobrevivem. A exceção são os bodes e as pessoas, salvas por comerem os pobres coitados. Não há estradas de asfalto para chegar nessas cidades. Existem umas BRs “de chão”, como dizem pelo interior, quando a estrada é de barro. Eu nem sabia que existiam estradas federais não asfaltadas. Para chegar lá, fomos de avião até Recife, de lá para Petrolina também de avião, e então para Curaçá numa viagem de aproximadamente duas horas de carro. Os municípios são enormes e muito pouco habitados, o que faz com que o deslocamento até os povoados seja um castigo. Em Patamuté, onde existe uma gruta aberta à visitação que recebe romaria três vezes por ano, há um único telefone público que estava quebrado no dia em que estivemos lá. Quem chega até o povoado nem precisa pagar promessa mais nenhuma. A viagem é um calvário que qualquer santo vai reconhecer. Se eu resolvesse escrever sobre tudo de lindo, tocante, absurdo, miserável e poético que encontro por ai por esse interior da Bahia, esse blog viraria um diário de bordo. Só o tanto de pores-do-sol (existe isso?) que assisti voltando das externas já seria inspiração suficiente, mas nem as fotografias que tiro aos montes dão conta de transportar para outro lugar, que não seja a minha memória, o que sinto ao ver aquela imagem depois de 10 ou 12 horas de trabalho, em lugares onde talvez o único privilégio que se tem quando se vive lá seja justamente poder ver esse pôr-do-sol a partir de qualquer lugar que se olhe. Não, não bato palmas. Calma. Não sou riponga, nem bato palmas para o pôr-do-sol no Porto da Barra sexta depois de fumar um (uns). O fato é que girar 360º olhando em qualquer direção e conseguir ver o céu (e só ele e alguma vegetação), é uma das melhores coisas que o meu trabalho me proporciona. É óbvio que eu preferiria não precisar ir tão longe para isso, mas são os ossos do ofício. Divagações que não interessam a ninguém à parte, no próximo post o assunto é música.
É terça, na véspera do feriado. Programa imperdível para quem estiver na Soterópolis. Infelizmente não será o meu caso, mais uma vez. Todos os shows dos Retrofoguetes que vi no Tapioca foram foda. Aliás, show dos Retros bom é redundância. Não existe nem um sequer mais ou menos. Lembro bem de um lá mesmo em que Pochat tocou trompete em Misirlou. Nunca mais essa participação especial rolou (pelo menos nos poucos shows em que estive presente recentemente). Não importa, o show vai ser foda até se Morotó, Rex e CH tocarem pendurados de cabeça para baixo.
O show foi hoje, mas faço questão de postar esse flyer porque foi foda. Eu nem sabia que ia rolar essa gravação do CD/DVD da brincando de deus no Postudo, até Xanxa me chamar na céspera para fazer câmera (uma das). Ele estava dirigindo a parada e é claro que eu topei. Só amigos trabalhando (Isoldinha, Jero, Xanxa, Cesar, Zé Bola e mais 2 caras que eu não conhecia e não lembro o nome agora), cada um atento a um detalhe, registrando da sua forma e com um olhar diferente a sua admiração pela brincando de deus. Foram umas 8 câmeras, entre PDs 150 e Handycams, nessa que posso arriscar dizer que foi a maior empreitada audiovisual de uma banda indie soteropolitana no últimos tempos (até porque indie indie mesmo não existem tantas). Ambientação by Lu Japa bem bacana, boa luz, som de primeira. A banda merece. Não só pelos 10 anos de estrada, mas pela felicidade que leva aos shoegazers (e outros nem tanto) que amam guitarbands e o velho conhecido rock triste (rótulo com o qual nem concordo. Melancólico eu até aceito). Enfim, que o resultado esteja disponível logo, em DVD ou em disco, nesse feito histórico que é uma banda muito (eu disse MUITO!) indie lançar um DVD e justo em Salvador. Voltei para casa feliz da vida, não só por ter visto um show muit bom, mas por ter contribuído da maneira que estava ao meu alcance para que esse DVD exista.
Semana rock movimentada na cidade. Além dos Retrofoguetes no Tapioca, na terça (dia 6) tem também Soma, The Honkers e Brinde no Miss Modular (nessa ordem, segundo Rodrigo Sputter), e mais os DJs Léo Levi (de Aracaju, um dos organizadores do Festival Punka) e Janocide, do selo Estopim. R$ 8,00 (sem consumação). Só não me mandaram o horário, mas deve ser por volta das 23h, como sempre.