
Eu adoro quando essas coisas acontecem, totalmente por acaso. Eu estava essa semana resolvendo coisas na rua e parei na Mega Hiper Ultra enorme loja da Video Hobby na Pituba para fazer um lanche. Vi uma confusão na entrada da loja, mas não imaginava do que se tratava, até que um pessoal que estava sentado ao meu lado no café comentou que Jean Willys (ele mesmo, membro da banca do meu projeto experimental na faculdade no final de 2003, quando ele nem sonhava com o estrelato ainda, creio eu) chegaria em pouco tempo para lançar o livro dele lá.
Bom, vamos por partes. Eu nem sabia que Jean estava lançando livro, e quando cheguei em casa e fui procurar ver, vi que o livro dele figura na lista dos mais vendidos de não ficção há não sei quantas semanas, e que ele tinha sido contratado para fazer reportagens para o programa de Ana Maria Braga. Se estou acordada no horário que passa, é porque estou trabalhando. Se estiver em Salvador, não estou acordada 8 e pouco da manhã nem para pagar promessa.
Mas enfim, o que importa é que, na minha tentativa de sair da loja antes que o caos absoluto se instalasse, passei por uma prateleira de livros "Cinema e Teatro", onde passando o olho rapidamente só vi textos de Nelson Rodrigues. Mas, para alegrar o meu dia e entristecer o meu bolso, vi uma imagem de um filme que eu, por muita coincidência, assisti há uns 15 dias na aula da pós-graduação, na capa de um livro camado "O Cinema do Real".
Era uma imagem de Moi, un Noir, documentário mais do que clássico de Jean Rouch. Obviamente eu não resisti e comecei a folhear o livro, que é fantástico. Trata-se de uma compilação de ensaios, palestras e textos apresentados nas edições do "É Tudo Verdade", até o ano passado. Tem João Moreira Salles, Ismail Xavier, Eduardo Coutinho e Jorge Furtado, Bernardet, Eduardo Escorel, Esther Hamburger e mais um monte de gente. Os dois primeiros capitulos abordam o impacto do DV para o documentário, cinema verdade e cinema direto; mais adiante tem análises de Ônibus 174 (uma das melhores resenhas fílmicas que já li) e Notícias de uma Guerra particular, e também da obra de Michael Moore.
Enfim, INDISPENSÁVEL para quem estuda ou minimamente se interessa por documentário, daqueles para devorar em 2 dias.
