
Ver os Retrofoguetes no Festival de Música Instrumental foi deveras simbólico não só porque, como bem lembrou Rex, o TCA é "um pouco maior e mais fresco do que o Calypso", ou porque eles fizeram um puta show, a despeito das palavras pouco eligiosas do organizador/curador do evento, Zeca Freitas, que geraram comentários que até hoje rolam, mesmo depois de tantos dias. Foda foi ver os Retrofoguetes tocando para mais de mil pessoas com um ótimo som e no palco mais nobre da cidade. Sensação inocente de que assim é que deveria ser sempre. Não é bairrismo, não é porque os caras são daqui. Eu não gosto de várias bandas de rock baianas, e nem acho que se deva falar bem de alguma coisa só porque é daqui. O fato é que o Retrofoguetes é uma banda muito, mas MUITO mesmo acima da média.
Sim, não vou filosofar sobre a cena de rock da Bahia. Vou falar do show, porque de certa forma ainda estou encantada com aquila última noite do Festival de Música Instrumental (27.01). O TCA estava muito cheio, praticamente lotado, de modo que optei por assistir o show em pé atrás da mesa de som. A adoção dessa medida estratégica não se deveu somente ao fato de eu não querer assistir o show sentada na fila Z 11, mas de eu não querer assistir o show sentada. Fiz bem, deu até para dançar comedidamente. Segundo informações de pessoas que foram outros dias no Festival, esse foi o dia mais cheio.
Entre velhinhos que se revoltaram e ameaçaram processar o teatro caso o volume do som não fosse diminuído e outros que tamparam os ouvidos, o que se viu foi a melhor banda da cidade esbanjando a classe e a competência usuais em cerca de uma hora de show.
Sim, porque se trata de uma banda no sentido mais clássico que o termo pode ter. Não são só boas músicas (o que já seria bem razoável). São ótimas músicas executadas por excelentes instrumentistas. Um deleite.
Há controvérsias sobre o último show de rock realizado no palco principal do TCA. Uns dizem que teria sido Camisa de Vênus na década de 80, outros que a Dever de Classe tocou lá bem depois. Bom, eu não estava lá para ver em nenhuma das duas ocasiões. Mas pelo comportamento reacionário de boa parte da platéia, posso supor que talvez sejam necessários mais vinte anos para que outro banda do gênero dê o ar da graça por lá.
Que me perdoem os velhinhos que tiveram seus marcapassos desajustados, ou que foram para lá para ouvir flauta doce, piano e violino. Querendo ou não, vocês presenciaram uma noite histórica.
* Foto por Nancyta

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